quinta-feira, agosto 04, 2005

 
EXCLUS�O SOCIAL

Prefeitura recolheu equipamentos que serviam de abrigo para moradores de rua sem a presen�a de assistentes sociais

Sem "casa de boneca", crian�a fica na rua
Marlene Bergamo/Folha Imagem
O menino I., uma das crian�as que estavam abrigadas em uma casinha de madeira perto do shopping Tatuap�, na zona leste de S�o Paulo


AFRA BALAZINA
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

A gest�o Jos� Serra (PSDB) recolheu ontem as pequenas casas azuis de madeira, com um metro e meio de altura, que viraram abrigo para moradores de rua de S�o Paulo. A a��o, por�m, foi feita sem a presen�a de assistentes sociais, e os moradores do local, tr�s crian�as, foram deixados na rua.
O equipamento, que lembra casinhas de boneca ou de c�es, foi instalado no domingo pela Associa��o Casa da Crian�a de Nossa Senhora Aparecida. Antes disso, as crian�as dormiam na rua.
Segundo o pr�prio secret�rio municipal da Assist�ncia e Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, a Subprefeitura da Mooca tirou as duas casinhas, perto do shopping Tatuap� (zona leste), na hora do almo�o e s� depois as assistentes sociais foram ao local. Mas os garotos j� n�o estavam l�.
O subprefeito da Mooca, Walter Bellintani, admitiu que houve um erro e diz que ir� apurar por que assistentes n�o estavam no local para levar os meninos a um abrigo. Mas diz que a a��o era necess�ria porque havia uma ocupa��o irregular do espa�o p�blico.
Segundo especialistas ouvidos pela Folha, que mostrou ontem a procura de moradores de rua pelas casinhas, a situa��o exp�e a situa��o dessa popula��o.

Sem assist�ncia
At� o in�cio da noite, as crian�as n�o haviam recebido nenhum tipo de atendimento da prefeitura. Ap�s as 18h, a assessoria do prefeito perguntou � reportagem onde poderia encontr�-las.
� tarde, as crian�as foram para a associa��o que cedeu as moradias. "Vou ter de procurar outro lugar para elas ficarem", disse a presidente da entidade, Lusia Lopes da Silva. Ela diz que n�o voltar�, por enquanto, a instalar as casinhas. A inten��o era coloc�-las na S� e na Rep�blica.
"A a��o da prefeitura foi emblem�tica: eles retiraram as casas sem se importar com as pessoas. N�o respeitaram o sentimento de prote��o que as casinhas tinham para as crian�as", diz o padre J�lio Lancellotti, da Pastoral do Menor.
"A retirada n�o poderia ser t�o abrupta. Era preciso o acompanhamento de psic�logos ou assistentes sociais para trabalhar essa quest�o com as crian�as, mostrar que uma casa precisa ter banheiro, por exemplo", afirma ele.
Segundo os meninos I. e L., ambos de 13 anos, por volta das 10h de ontem "muitos homens da prefeitura" chegaram ao local.
"A gente correu para dentro da casinha e pediu para levarem a gente junto. Mas o "tio" mandou a gente sair", disse um deles. "Enquanto eles levavam as casinhas, come�amos a jogar um monte de pedras neles", disse I.
De acordo com eles, a a��o foi violenta. "Um dos homens apertou meu bra�o forte para eu largar a pedra", conta L., apontando um pequeno machucado no bra�o esquerdo. Os dois dizem ter chorado muito. "� claro que eu vou chorar. A casinha era boa, tinha colch�o e cobertor, cabiam at� tr�s pessoas apertadas", diz I.
A associa��o n�o sabia o que fazer com os meninos. Ontem, eles dormiram na casa de bonecas que fica na entrada, do lado de dentro do port�o da associa��o. Mas foi uma situa��o improvisada, j� que n�o h� funcion�rios que fiquem no local nesse hor�rio.
O subprefeito disse que ir� apurar a acusa��o de que a retirada foi feita de forma violenta. A Folha tentou ouvir o prefeito ontem � tarde, mas sua assessoria informou que o secret�rio Pesaro � que deveria falar sobre o caso.

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